Luís Antônio Boudens lamenta saída de Moro e manifesta preocupação
com autonomia da Polícia Federal
Um nanuquense no comando da Polícia Federal |
Em entrevista ao canal CNN nesta sexta-feira (24), Luís
Antônio de Araújo Boudens, presidente da Federação Nacional dos Policiais
Federais (Fenapef), relatou preocupação com a saída de Sergio Moro do
Ministério da Justiça e com a suspeita de interferência direta nas investigações
da corporação. Boudens também avaliou as falas de Moro durante o seu discurso.
FILHO DE EX-DIRETOR DO COLÉGIO SANTO ANTÔNIO E
EX-VEREADOR EM NANUQUE
Nanuquense de nascimento, Luís Antônio tem 48 anos, é
agente especial de Polícia Federal (PF). Graduou-se em Engenharia Química e
Direito (com pós-graduação em Direito Público). Ingressou na PF em 1996 e
especializou-se em Políticas de Segurança Pública, em 2007. Iniciou a carreira
sindical como vice-presidente do Sindicato dos Policiais Federais em Minas
Gerais. Está no segundo mandato de presidente da Fenapef, a maior entidade
representativa da Polícia Federal, com mais de 14 mil filiados.
É filho de Aylde Baptista de Araújo Boudens, professora e
advogada, e Emile Paulus Johannes Boudens, o conhecido “Professor Emílio”. Holandês
de nascimento, morou e trabalhou em Nanuque nas décadas de 1970 e 80, foi
diretor e professor do Colégio Santo Antônio.
Reconhecido por seu trabalho na
área educacional, ingressou na política e se elegeu vereador em 1976, cumprindo
com expressivo desempenho seu mandato de seis anos, entre os 1977 e 1982
(primeiro mandato do ex-prefeito Nide Alves de Brito).
Teve participação ativa
no desenvolvimento da educação pública e particular em Nanuque, colaborando de
forma decisiva em movimentos populares. Ainda na década de 80 mudou-se para
Brasília, após ser aprovado em concurso do Senado Federal. Faleceu dia 12 de
março de 2012.
É PREOCUPANTE A INTERFERÊNCIA POLÍTICA NA POLÍCIA FEDERAL
Sobre as consequências da saída de Sergio Moro do
governo, e pelos motivos alegados, disse Luís Antônio: "Nossa preocupação
realmente é a interferência direta nas investigações, não apenas na escolha do
gestor da polícia, essa sim é uma escolha prevista em lei. É óbvio que o
cenário é todo analisado. As falas do ministro foram bem pontuadas, na nossa
visão", disse.
"Todas as nossas investigações têm equipes que detêm
total independência e autonomia para fazer seus relatórios. E eu acredito que
esse formato jamais será mudado(...) Qualquer tentativa de interferência
externa, quando fosse traduzida para um ambiente interno, teria que ter um
ofício que revelaria uma tentativa de interferência externa.", explica.
Questionado sobre fala em que o Sergio Moro cita o pedido
do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ter acesso ao telefone pessoal
da diretoria da corporação, Boudens disse que o desgaste entre os dois já não
era recente. "Nós somos uma instituição de muita credibilidade, os
policiais federais se preocupam com esse tipo de situação política que pode
interferir no nosso trabalho. Mas nós estaremos muito vigilantes agora porque o
que foi noticiado por Moro traz um quadro de gravidade."
Boudens também reforçou que não foi detectado, por parte
do governo federal, nenhum tipo de interferência nas investigações do órgão. "Todas
essas notícias que surgiram foram em relação de escolha de gestores. Nós nunca
identificamos, sempre fomos muito vigilantes e isso é uma garantia da nossa
federação, que é a maior entidade da PF."
"A missão principal do presidente neste momento é
trazer muita tranquilidade e tirar o peso dos ombros dos novos nomes que virão
pois o discurso de Moro foi muito duro neste sentido, trouxe muitas revelações,
várias delas muito preocupantes. E que seja uma transição tranquila e
harmônica, sem ferir os preceitos constituicionais da categoria",
concluiu. (Fonte: CNN Brasil)
Comentários
Postar um comentário