FISICULTURISTA QUE MOROU 10 ANOS EM NANUQUE COLECIONA TÍTULOS DE CAMPEÃ


Mineira de coração capixaba, Silvia Fraga descobriu cedo o amor pelo esporte e conta os segredos para manter o corpão

Fisiculturismo: clara de ovo e muita malhação para conquistar títulos

MATÉRIA PUBLICADA EM JULHO DE 2015

Quando tinha apenas nove anos, durante um passeio na Disney, Silvia Fraga viu uma mulher muito musculosa e decidiu: “quero ser igual a ela”.

Apesar da pouca idade, já traçava seu futuro. Mas para alcançar o sonho teve que ter muita, mas muita força. Primeiro enfrentou a família, 100% ruralista, depois fez faculdade de Educação Física escondida, ainda trabalhou na roça e somente aos 30 anos conseguiu virar fisiculturista. Hoje, aos 33 anos, Silvia coleciona títulos como campeã da Exponutrition 2013, do Brasileiro e do Mundial, ambos em 2014.


O primeiro contato de Silvia com os exercícios físicos foi com 13 anos, quando assistia aos vídeos em fita cassete da Jane Fonda. Com 15 anos ela foi morar na Flórida, nos Estados Unidos, dentro de um alojamento da academia de tênis Nick Bollettieri. Foram seis meses de “estudos”, entre aspas, já que ela faltava as aulas para ficar na sala de musculação. Já no Brasil, chegou a hora de fazer uma faculdade. A família, tradicional, mandou a garota escolher entre cursos como Direito, Administração, Engenharia e Medicina. Nada de Educação Física.


“Passei no vestibular com 17 anos e fui fazer Administração no Rio de Janeiro, que era o menos pior. Lá fiz Educação Física escondido, mas depois de três anos minha família descobriu e parei. Meu pai ficou uma ‘arara’ comigo e me mandou de volta para Nanuque (MG) para trabalhar na roça. Fiquei lá por 10 anos, até que juntei dinheiro e resolvi vir para Vitória”.

Como sempre gostou de malhar pesado, Silvia não teve dificuldades de treinar para competir. Passado pouco mais de um mês, já subiu no palco, no Campeonato Estreante, e venceu na categoria Wellness acima de 1,63m. “Eu tropecei no palco e todo mundo começou a rir. A galera gritou meu nome e passou o nervosismo. Depois ganhei o Estadual, mas desde o início eu queria o Woman’s Physyque, categoria mais forte”.


Clara de ovo e óleo de coco no cardápio

Com o corpo bastante definido, forte, mas ainda sem perder a feminilidade, Silvia Fraga adora ver suas pernas, o bumbum e o ombro bem desenhados. Mas para chegar a este físico que chama a atenção, a mineira com coração capixaba precisa suar a camisa. Ela malha de segunda a segunda e os treinos podem variar de uma hora a trinta minutos, dependendo do grupo muscular.

Ela adora exercícios aeróbicos, mas precisa puxar o freio de mão para não emagrecer muito. Na alimentação, nada de fast food, que ela não sente o gosto há anos e jura não sentir vontade. Frango, clara de ovo, óleo de coco, azeite, arroz e verduras não faltam no prato da fisiculturista. Dormir bem também é fundamental. Como a dieta e os treinos são sempre constantes, em épocas de campeonatos a preparação não muda tanto.

“A preparação dura começa em torno de oito semanas antes, quando já estou com a massa muscular consolidada e percentual baixo de gordura. A primeira coisa que faço quando saio do campeonato é comer farofa de manteiga e churrasco. Eu adoro carne vermelha”.

Sem patrocínio, ela compra os suplementos nos Estados Unidos ou manda manipular. No Brasil, as compras não sairiam por menos de R$ 6 mil. “Para me patrocinar tem que ser em dinheiro e com contrato, algo profissional. Preciso muito de um patrocínio sério e não sou vendedora de suplemento”, diz.


Silvia diz que seu crescimento no fisiculturismo em pouco tempo se dá graças aos contatos que fez. Em um mundo que ela diz ser cheio de egos inflados e falta de cultura, é preciso ter cuidado para não se meter em furada.

“Eu não tive vergonha de ir atrás do meu sonho, de treinadores e foram eles que me proporcionaram isso. Treinei com Dennis James, Charles Glass, Hany Ranbond e hoje treino com Ricardo Pannain, que é especialista em fisiculturismo profissional. Já vi muitos atletas morrerem por falta de hidratação, mulheres sem cabelo de tanto anabolizante e outras coisas absurdas. É possível conquistar o corpo fazendo um acompanhamento digno com pessoas competentes”, alertou. (Matéria de julho de 2015 - texto de Marcella Scaramella – jornal Gazeta/Vitória-ES)


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