NADINHO: UM NANUQUENSE QUE JÁ FEZ PARTE DE UM DOS GRUPOS MUSICAIS QUE MAIS VENDIAM DISCOS NO BRASIL DOS ANOS 60

Aos 80 anos, depois de percorrer várias cidades brasileiras e até países vizinhos, Nadinho continua residindo em Nanuque

Antes de falar dele, vamos a um referencial: a Praça Francelino.

Pois é... O nome da famosa praça de Nanuque é uma homenagem que a cidade prestou a um de seus pioneiros: Francelino Francisco, que é pai de Arnaldo Francisco, o conhecido Nadinho, um nanuquense que já integrou um dos grupos musicais que mais vendiam discos no brasil dos anos 60.

Aos 80 anos, Nadinho vem enfrentando uma dura rotina de viagens a Belo Horizonte para cuidar da saúde. Já foi submetido a cirurgias de alta complexidade, passou momentos difíceis, mas mostra-se em processo de recuperação. 

Sua paixão é a música, grande talento do violão e vozeirão afinadíssimo. Confessou que ainda toma uma cervejinha, mas bem de leve.

Pra quem não sabe, Nadinho foi um dos membros do grupo musical Nilo Amaro e seus Cantores de Ébano, do Rio de Janeiro, que chegou à marca de 4 milhões de discos vendidos, liderando o ranking nacional em meados dos anos 60.

Capa de um dos discos do grupo

Com o grupo musical, Nadinho fez shows nas principais capitais e cidades de médio porte do Brasil e até em países vizinhos, como Chile, Uruguai e Argentina. Em Nanuque e região, foi durante décadas um dos mais requisitados nas antológicas serestas.

O destaque do grupo era um coro de vozes negras femininas e masculinas (um soprano, um mezzo soprano, um contralto, dois baixos, um tenor e três barítonos), com destaque para o baixo Noriel Vilela. O líder do grupo, Nilo Amaro, faleceu em Goiânia, aos 76 anos, no dia 18 de abril de 2004.

UM GRUPO ALÉM DA COMPREENSÃO DOS PESQUISADORES DA MÚSICA BRASILEIRA

O portal Café Brasil, especializado em música, publicou a respeito do grupo:

“Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano apareceram na MPB no início dos anos 60 e fizeram uma espécie de gospel à brasileira – mas sem o viés religioso do que hoje é conhecido como gospel.

Infelizmente, depois de gravar dois álbuns na Odeon em 1961 e 1963, ainda gravaram um ou outro álbum em selos menores e desapareceram. Uma pena, porque é originalíssimo e renovador e deixou para a posteridade pelo menos um sucesso – Leva Eu Sodade (“Oh! Leva eu/ Minha saudade/ Que eu também quero ir…”), do qual os cinqüentões devem se lembrar.

Nilo tinha voz agradável, mas quem dava o toque especial em várias faixas era Noriel Vilela e sua voz de baixo cantante. Bastante afinado, o grupo contava com ainda com vozes masculinas e femininas de diversos matizes. Seu uníssono quase sacro chegava a comover em números de mistério, com um pé no nosso folclore interiorano.

Os pesquisadores de nossa musica popular ainda não dimensionaram ainda a verdadeira importância que teve Nilo Amaro e seu grupo, talvez, o único em seu tempo que sofrendo influencias de conjuntos e cantores americanos como os The Platters, Nat King Cole, Ray Charles e outros, soube incorporar e reinterpretar o estilo yankee ao mais puro sentimento, lamento e alegria de nossa raiz negra mais profunda.”

Nadinho reside em Nanuque, na Rua Curvelo, 21, Centro, quase esquina com Rua Araguari. Gosta de receber visitas.

GRUPO IMPULSIONOU CARREIRA DE WANDO

O cantor Wando (nome artístico de Wanderley Alves dos Reis), falecido no dia 8 de fevereiro de 2012, em Nova Lima (MG), aos 66 anos, vítima de complicações cardíacas, admitiu, em várias entrevistas, ter sido “descoberto” pelo grupo musical Cantores de Ébano, no final dos anos 60.

“Fui descoberto pelo pessoal dos Cantores de Ébano, que me levou para o Rio de Janeiro e São Paulo, onde vivi profissionalmente de música”, contou Wando em entrevista concedida ao jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, edição de 05/12/2007 (caderno Cultura, pág. 1).