NANUQUENSE TATTÁ SPALLA ASSINA PRODUÇÃO DO PRIMEIRO ÁLBUM DE ROSE BRANT



CD traz instrumental primoroso que se harmoniza com a voz suave da cantora mineira

Beto Guedes, Toninho Horta e Sergio Ricardo estão entre os convidados especiais

Rose e Tattá

Antes de falar do álbum da Rose Brant, permito-me a uma rápida piscada de lanterna para 33 anos atrás, no ano de 1986. A cantora paraense Leila Pinheiro, aos 26 anos, lançava seu segundo LP - “Olho Nu” -, com músicas de Gilberto Gil (faixa-título), Caetano Veloso, Cazuza e João Donato, entre outros, além de arriscar uma faixa autoral (“Becos”).


Acompanhando a Leila, um time de músicos do mais alto calibre, incluindo Jamil Joanes no baixo, Téo Lima na bateria e Ricardo Silveira na guitarra.

LP "Olho Nu", de Leila Pinheiro,
lançado em 1986

O LP da Leila está logo ali, ao lado da mesa onde agora estou. Já ouvi muito e, por certo, continuarei ouvindo.


De volta a este fevereiro de 2019, desta vez com o foco de led apontado para o CD “No Colo da Flor”, lançado no final do ano passado. Na condição de garimpador de encartes, eis que reencontro o mesmo trio - Jamil, Téo e Ricardo - dando o auxílio luxuoso à mineira Rose Brant. O resultado é formidável. E no momento é o que mais ouço.

Sem fazer paralelos entre a Leila e a Rose, até porque ambas são cantoras talentosíssimas, prendo-me aos três para acrescentar um quarto elemento na história: o conterrâneo nanuquense Tattá Spalla, que assina a produção do disco. O estilo que mescla bossa nova, rock'n'roll, Clube da Esquina e outros mimos é o termômetro.

Se o sobrenome da Rose terminasse em “d”, arriscaria dizer que o “Brand” poderia ser abreviação do adjetivo “brandura”, termo exato para definir a voz dela. Aos 48 anos, depois de uma trajetória artística ligada ao teatro, resolve enveredar pela música. E fez muito bem.

“No Colo da Flor” nos brinda com oito faixas (poderia ser o dobro...) alentadoras que nos fazem acreditar que a música brasileira continuará dividida em duas: a muito boa, que a gente busca e quer escutar, e a muito ruim.


Dosando notas em samba, “folk de Minas”, bossa nova e outras pérolas, Rose Brant mandou bem do início ao fim. Além do Tattá na produção e dos três veteranos já citados, o CD conta com participações pra lá de especiais, como Beto Guedes, Toninho Horta, Sergio Ricardo e Pretinho da Serrinha, movendo composições de Zé Renato, Marcio Borges, Paulo César Pinheiro, Fátima Guedes...

Impossível mesmo não apelar pras reticências, porque este primeiro CD da Rose foi uma reunião de excelências musicais.

Como em uma das críticas do álbum, Rose “traz questões ligadas ao universo feminino, como a irmandade, maternidade, respeito, ancestralidade, amor e também da efemeridade da vida e de seus ciclos espirais”.

E a própria arremata: “Importante, nesse momento, me posicionar a favor do amor, paz, inclusão, expansão de consciência e da alegria”.

Depois de tanto tentar descrever o disco, melhor é ouvir, mas ouvir com alma pra cima, desarmado do cansaço e do peso de um corpo quando está sem colo, à espera de uma flor.

E logo na faixa 1, Rose dá o tom: “Viver viver é bom / Viver o ar é bom / Viver cantar é bom / Viver e respirar”.

O resto é mar. Sem tubarões.

Ouça!

Prof. Ademir Jr.



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