PALAVRA DO EDITOR: NANUQUE COMPLETA 70 ANOS HOJE


PALAVRA DO EDITOR: NANUQUE COMPLETA 70 ANOS HOJE


Em busca de um rumo, Cidade sonha e apela até mesmo para um futuro que venha a repetir o passado…

Prof. Ademir Jr.
O ano de 1948 não foi daqueles que registraram acontecimentos mais marcantes, ao sabor do povo brasileiro, como conquistas de campeonatos de futebol, morte de  político ou cantor famoso, catástrofes ou coisas do tipo. Mas foi exatamente no dia 27 de dezembro de 1948 que um ato político-administrativo (lei estadual nº 336/48) resultou na criação do Município de Nanuque.

Era o nascimento de uma nova cidade, com prefeitura e câmara de vereadores, com autonomia administrativa. A lei, bem mais abrangente, estabelecia a nova divisão administrativa e judiciária do estado de Minas Gerais, que entraria em vigor em 1º de janeiro de 1949.

Nanuque deixava de pertencer ao município-mãe Carlos Chagas, distante 55 quilômetros. Antes de Carlos Chagas, ainda no século XIX, Nanuque chegou a ser distrito vinculado a Teófilo Otoni (a 160 km). Em tempos mais remotos, já pertencemos ao município de Minas Novas, localizado no Alto Jequitinhonha, bem mais longe, em torno de 400 km de distância.

Detalhes históricos, apenas. Minas Novas e Carlos Chagas apresentam, hoje, populações inferiores aos 41.852 hab. de Nanuque. A primeira oscila na faixa de 31.000 hab.; a segunda, não mais que 20.000 hab. Na outra ponta, Teófilo Otoni ostenta população de 140.000 hab.

Importante é destacar que, hoje, 27, Nanuque completa 70 anos como município emancipado.


Se estivéssemos vivendo outros tempos, a cidade estaria em festa. Aliás, não apenas um dia, mas uma semana de festejos, misturando Natal e Ano-Novo. Nem mesmo a significância da data justificou algo mais impactante. Ora, são 70 anos, sete décadas.

Infelizmente, não é de hoje que o aniversário da cidade passa batido, não obstante o momento em que as casas ficam cheias de gente, filhos que vêm visitar seus pais e moradores antigos que se prestam a matar saudades de tempos idos. Por várias vezes, tramitaram na Câmara proposições de se criar a “Festa do Nanuquense Ausente” e outras festividades, no decorrer de dezembro, mas nada se concretizou até agora.

Nanuque chega aos 70 anos, agora como uma setentona já meio esquecida, dividida entre participar de um desses “clubes da melhor idade” ou se refugiar em um lar de idosos. Claro que seus filhos a amam, curtem, adoram passar por aqui alguns dias, aproveitando para uma esticadinha providencial até as praias do litoral baiano ou capixaba. A Pedra do Bueno e o Rio Mucuri continuam como cartões emblemáticos da cidade.

No plano econômico, o comércio, algumas atividades de prestação de serviços e o agronegócio ainda sustentam sua existência, mas é inegável que a cidade perdeu muito nas últimas três décadas. Sua condição de polo microrregional já não subsiste, decorrente de saltos registrados por cidades como Teixeira de Freitas/BA, São Mateus/ES e outras vizinhas da BA e do ES.

Para a Nanuque de hoje, do jeito que as coisas andam, vale muito aquela frase do Cazuza, na música “O tempo não para”, sucesso do final dos anos 1980: “Eu vejo o futuro repetir o passado”.

Na memória da cidade, pega bem falar de futuro, mesmo que ele esteja atrelado ao passado, até porque Nanuque é uma cidade que se alimenta de um passado próspero para justificar o presente.

A Cidade foi muito prejudicada – e continua sendo – pela visão tacanha de seus administradores e desassistência dos governos estadual e federal. Felizmente, a classe empresarial, as poucas atividades industriais que resistem, profissionais liberais, pecuaristas, funcionários públicos e outros segmentos persistem e seguem segurando as ondas, acreditando que as coisas vão melhorar.

Nanuque pode e precisa melhorar, não repetindo os erros de escolhas equivocadas para o chamado “poder público”, nem se comovendo e se impressionando com discursos de mudança arquitetados à fosca luz do despreparo. Mas, sonhar já é alguma coisa a mais que não sonhar e, um dia, a gente acerta, como já acertamos em nossa historiografia, em momentos distintos.

Pelo sim e pelo não, sem rancores, vale o “Parabéns!” para essa setentona que ainda tem sede de vida e muito frenesi por ser/estar.


PROF. ADEMIR RODRIGUES DE OLIVEIRA JUNIOR


Comentários

  1. Boa lembrança e ótimo texto Ademir !! Salve Nanuque !!!

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  2. Texto digno de uma senhora septuagenária que persiste na grandeza dos que se fazem importantes e insiste em se fazer grande. Nós, nanuquenses , cremos que um dia iremos acertar e por isso continuamos exercitando o direito à novas escolhas. Parabéns, Nanuque. Parabéns , Dé , pela lucidez textual.

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