Aos 24 anos, com salário na faixa de R$ 200 mil, Neílton
deve deixar o Vitória e entrar no time gaúcho. Ele começou no Santos, passou
por Cruzeiro, Botafogo e São Paulo, sem conseguir se afirmar
Neílton: de Nanuque para os maiores clubes dr futebol do País |
Neílton pode ser o primeiro reforço do Inter para a
Libertadores. O atacante de 24 anos foi mais um dos tantos "Meninos da
Vila" a surgir no Santos pós-Robinho e Diego, e na esteira de Neymar e
Ganso. Ou seja: deveria ser um fenômeno. Qualquer jogador santista que
demonstrasse alguma habilidade neste período ganhava o carimbo de semideus e de
sucessor de Neymar - além de todo o peso que isto representa.
Camisa 11 às costas, o mineiro de Nanuque Neílton
explodiu aos 19 anos, em 2013, depois de conquistar a Copa São Paulo de
Juniores – e quando foi escalado como titular num clássico contra o São Paulo
vencido pelo Santos por 2 a 0.
Dias antes, havia marcado o seu primeiro gol como
profissional em uma derrota para o Criciúma. Na manhã seguinte à vitória sobre
o São Paulo, ele foi homenageado pelo patrocinador com um troféu em forma de
chuteira dourada. Apareceu para fotos com brincos reluzentes, óculos brancos
sem lentes, relojão pesado, vestindo um colete sem mangas. Aos 19 anos, Neílton
era uma celebridade.
Hoje, Neílton joga no Vitória, que não conseguirá bancar
os seus vencimentos na casa dos R$ 180 mil (mais R$ 20 mil de
"auxílio-moradia" pago pelo Vitória) para a temporada 2019 na Série B
e precisa emprestá-lo para outro clube. A tendência é que a troca de
empréstimos entre Vitória e Inter envolva até quatro jogadores: Neílton poderá
embarcar para Porto Alegre, enquanto que Andrigo pode ir para Salvador. Aos
baianos, interessa se livrar do alto custo mensal de Neílton, que tem contrato
com o Vitória até meados de 2020.
O Vitória acabou sendo o clube de maior destaque de
Neílton. Após surgir como joia do Santos e ser promovido aos profissionais, o
atacante permaneceu apenas mais um ano na Vila Belmiro. Não houve acerto para a
renovação do seu contrato, e, em julho de 2014, o jogador ficou livre para
assinar com o Cruzeiro.
No início de carreira: jeito de Neymar |
Neílton surgiu ao estilo Neymar: driblador, magrinho,
tinha um físico muito parecido com o do Neymar, topete parecido... Ganhou o
apelido de "Novo Neymar" quase que imediatamente, por causa do jeito
de jogar. Mas teve azar de entrar em um Santos que se remontava após a venda de
Neymar para o Barcelona. Muricy Ramalho não lhe deu muitas oportunidades.
Muricy acabou saindo, entrou Claudinei Oliveira, que havia sido o seu treinador
na Copa São Paulo, mas nada mudou. Não demorou, pediu alto demais para renovar
e não ficou. Quando teve oportunidades, não mostrou condições para ser
titular.
Em Belo Horizonte, porém, encontrou o time de Marcelo
Oliveira já montado – e com um setor ofensivo composto por Marcelo Moreno,
Willian, Dagoberto, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. Esquentou banco. Sem
chances, um ano, nove jogos e um gol depois, foi cedido ao Botafogo, onde
permaneceu até o final de 2016.
No Cruzeiro |
Bruno Furtado, repórter do portal Superesportes, de Minas
Gerais, lembra que Neílton foi utilizado aos moldes de Rossi, no Inter:
- Quando ele chegou ao Cruzeiro, havia uma certa
expectativa para que estourasse, pois surgiu muito bem no Santos. Mas chegou ao
Cruzeiro já um pouco desvalorizado. Acabou marcado como jogador de segundo
tempo, aquele que entra quando o adversário já está cansado, e vai a campo para
dar uma incendiada na partida. Nunca jogou o suficiente para ser titular.
Parecia um tanto inseguro, não finalizava bem. No Vitória, ele ganhou a
confiança que lhe faltou em Minas. Mas ainda precisa provar que pode ir bem em
um time de ponta.
No São Paulo |
No Rio, Neílton, então com 22 anos, voltou a sorrir. Foi
titular em 72 jogos e marcou 18 gols. Sem condições de bancar os R$ 6 milhões
para a compra de seus direitos, o Botafogo - que pagava apenas 75% dos R$ 110
mil mensais de salário do atacante; o restante era bancado pelos mineiros -
teve de abrir mão do atacante. E ele foi emprestado pela terceira vez, agora,
para o São Paulo.
Contratado a pedido do neo-treinador Rogério Ceni,
Neílton deveria permanecer o ano todo no Morumbi. Durou cinco meses, 11 jogos e
nenhum gol. Foi devolvido em maio. Como o Cruzeiro tinha contrato com o
atacante até 31 de dezembro de 2018 e não pretendia contar com ele em seu
elenco, o Vitória surgiu na vida do jogador. Em 26 de maio de 2017, o Cruzeiro
vendeu Neílton aos baianos, em troca de parte dos direitos econômicos do meia
Nickson.
No Botafogo |
O comentarista dos canais ESPN Arnaldo Ribeiro entende
que, caso o Inter contrate Neílton, Odair Hellmann e a sua comissão técnica
terão de fazer com o mineiro algo semelhante ao que foi feito para transformar
Nico López, a partir de 2017:
- Neílton foi a primeira contratação com a assinatura do
Rogério Ceni. Na cabeça dele, trocar Hudson pelo Neílton era um baita negócio.
Hudson foi campeão com o Cruzeiro, enquanto que Neílton fracassou. Neílton tem
domínio de bola, conclui bem, bate faltas. Na teoria, é um grande jogador. Nas
não consegue conciliar a cabeça com o jogo, falta foco, é um jogador frio, pelo
lado ruim. Não consegue entender qual é o jogo importante - entende Arnaldo
Ribeiro. - Nunca foi titular no São Paulo. O epílogo dele foi a eliminação do
São Paulo na Sul-Americana. Um vexame diante do Defensa y Justicia. O jogo
estava empatado, ele saiu no intervalo e nunca mais voltou. Houve falta de
convicção do Rogério, em começo de carreira, e da direção, que mandou embora em
pouquíssimo tempo. Para dar certo no Inter, ele tem de ter a cabeça bem
trabalhada, precisa de cuidados o tempo todo. Mas tem técnica e recursos -
completa o comentarista.
Neílton assinou por três anos, se tornou o camisa 10 do
Vitória e já soma 87 jogos e 28 gols. Se há uma tradição colorada é a de buscar
antigos algozes. Neílton é um deles. Foi ele quem marcou o gol de pênalti no
Barradão que deu início à eliminação do Inter na Copa do Brasil. Após perder
por 1 a 0 nos 90 minutos, o Inter caiu nas penalidades, com Neílton anotando o
gol que definiu o placar em 4 a 3.
Depois, no Brasileirão, enquanto o time de Odair Hellmann
brigou pelo título e ficou com a vaga à Libertadores, o Vitória de Neílton
caiu. Na derrota por 2 a 1 para o Inter, no Beira-Rio, Neílton foi substituído
aos 15 minutos do segundo tempo, mas, mais tarde, foi expulso devido à
reclamação do pênalti marcado a favor do Inter e que foi cometido fora da área.
- Neílton deveria ser o líder técnico de um time mal
montado. E teve um primeiro semestre muito bom. Foi quem mais atuou na Série A
na temporada toda - relata Pedro Se, comentarista da Rádio Sociedade, de
Salvador. - No segundo semestre, porém, caiu demais de produção, ao ponto de
sequer dominar uma bola. O Vitória pensou que Neílton pudesse ser o Marinho de
2016. Não conseguiu - finaliza Sé.
Descenso à parte, os números de Neílton em 2018 são
melhores do que todos os atacantes colorados na temporada. Ainda que tenha
encerrado o ano na suplência do rebaixado Vitória.
Neílton em 2018:
56 jogos
21 gols
11 assistências
Nico López em 2018:
50 jogos
14 gols
7 assistências
Leandro Damião em 2018:
32 jogos
11 gols
2 assistências
William Pottker em 2018:
39 jogos
10 gols
2 assistências
Neílton Brasil afora
Neílton no Santos: 19 jogos e 4 gols
Neílton no Cruzeiro: 9 jogos e 1 gols
Neílton no Botafogo: 72 jogos e 18 gols
Neílton no São Paulo: 9 jogos e nenhum gol
Neílton no Vitória: 87 jogos e 28 gols
Texto de Leandro Behs - gauchazh.clicrbs.com.br
Comentários
Postar um comentário