O texto abaixo é de autoria da orientadora educacional Vilma Maia Portugal, publicado originalmente em 16 de fevereiro de 2011 no site da NEXUS ASSESSORIA - JORNAL/REVISTA OBJETIVO. Permanece atual e sempre vivo, tal qual o gostoso hábito de ler. (Prof. Ademir Jr.)
Ler é beber e comer
“O espírito que não lê emagrece como um corpo que não come.”
(Victor Hugo)
Vilma Maia Portugal |
Uma das tarefas mais importantes que a escola tem que ensinar e incentivar é a leitura, mas para isso é obvio que o professor veja essa necessidade e tenha eficientemente o hábito da leitura.
Todo
o conhecimento acadêmico da humanidade está nos livros, sejam eles concretos ou
virtuais. É preciso ler, e, acima de tudo, saber ler.
Fala-se
muito sobre o hábito de leitura do brasileiro. As pesquisas publicadas
denunciam os baixos índices de alfabetização, as dificuldades econômicas de
acesso aos livros ou o desenvolvimento cultural livresco do nosso país.
Vi
numa pesquisa que na França cada pessoa lê, em média, 25 livros por ano, já no
Brasil, aponta-se a leitura de pouco mais de um livro por brasileiro. Sabemos que
a questão é cultural, de vivência, de hábito e de educação. Sabemos também que
é muito difícil tornar um adulto não leitor em leitor. Mas é muito fácil tornar uma criança em
leitora. Elas adoram livros ilustrados,
histórias, fantasia e têm sede de conhecimento. Por que não investir nos
baixinhos, que por sinal estão cada vez mais inteligentes e criativos?
E os
nossos jovens? Nós que os conhecemos bem em sala de aula, vemos a sua pouca
disposição para consumir livros e a média de livros lidos entre jovens e
adultos é mínima se comparada a outros países.
Particularmente,
chego a me surpreender com os leitores da nossa cidade: estou descobrindo que
muita gente gosta de ler e tem hábito de leitura e, o que é mais importante,
divulga o que lê.
Tenho
observado também que quem tem o hábito de ler não faz diferença quanto ao
objeto da leitura. Visitou a Arte Livros um senhor que me falou sobre o seu
gosto pela leitura, e o mais interessante foi ele dizer que “… leio de tudo:
bula de remédio, panfletos entregues na rua, revistas de variedades, site na
Internet e obviamente, livros…!”
E é
assim mesmo: quem se interessa por
leitura, lê tudo que lhe cai nas mãos! É HÁBITO.
Aqui,
é bom que se faça distinção entre hábito de ler e gostar de livros. Ler é um
ato do intelecto. Ler é educar-se. Já o gostar de livros é outra história: é
experiência sensorial: visual, tátil, olfativa, relacionada aos sentidos e ao
prazer extraído através deles. Ilustro isso com a visita de uma moça que depois
de percorrer os expositores de livros me perguntou se não havia romances bem antigos,
daqueles livros das páginas amareladas, com aquele cheirinho de livro velho... “Vou
providenciar”, eu disse. Senti aí uma emoção pelo aspecto e cheiro de livro
velho, quem sabe curtido em sebos famosos, à espera do leitor que o valorize…
É emocionante
captar as impressões das pessoas que de alguma forma expressam seus interesses
e nos ajudam a promover a educação, a cultura e a informação estimulando a
importância e o hábito de ler.
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