PRINCIPAL DEFENSOR DE TEMER TEM SIDO UM DOS DEPUTADOS MAIS BEM VOTADOS EM NANUQUE

O deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB), que completou 54 anos em junho, hoje é o principal defensor da manutenção do mandato do presidente Michel Temer (PMDB). Nas duas últimas eleições, em 2014 e 2010, Abi-Ackel apareceu como um dos deputados mais votados em Nanuque.


Três anos atrás, ele ficou em 4º lugar entre os federais, com 1.043 votos, só perdendo para Leonardo Monteiro (PT) – 1.056, Rodrigo Pacheco (PMDB) - 1.185 – e Eros Biondini (PROS) – primeiro lugar com 3.980 votos.

Em 2010, Abi-Ackel foi o 5º mais votado entre os eleitos, com 1.079 votos, abaixo de: Eduardo Azeredo (PSDB) – 1.361, Leonardo Monteiro (PT) – 1.407, Eros Biondini (PTB) – 1.437 – e Ademir Camilo (PDT), mais votado com 1.587 votos.

Antes, em 2006, chegou a de 270 votos em Nanuque. Nas três eleições, somou 2.392 votos.

Na semana decisiva de votação da denúncia contra Michel Temer no plenário da Câmara, dados do portal de transparência Siga Brasil deram nuances da negociação que livrou o presidente de um parecer favorável ao prosseguimento da acusação por corrupção passiva na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A liberação das emendas dos dois deputados que relataram, com conclusões opostas, a denúncia tem dinâmicas díspares.

TEMER LIBEROU MAIS DE R$ 10 MILHÕES PARA O DEPUTADO EM EMENDAS

Só nas duas primeiras semanas de julho, o volume de recursos empenhados para o deputado Paulo Abi-Ackel, autor do parecer favorável ao presidente aprovado pelo colegiado, dobrou de R$ 5,1 milhões para R$ 10,1 milhões. Na contramão, Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que havia recomendado a continuidade da análise da denúncia Supremo Tribunal Federal (STF), não teve nenhuma parcela de sua cota liberada.

As emendas parlamentares são adendos incluídos por deputados e senadores no orçamento da União, geralmente prevendo investimentos em suas bases eleitorais, como a construção de estradas e reforma de hospitais. Não há informações relacionadas a obras para Nanuque.

O empenho é a fase do processo orçamentário em que o governo se compromete a liberar esses valores. O levantamento feito pela BBC Brasil nos dados compilados pelo Siga Brasil considera o volume de recursos empenhados até 6 de julho e, depois, em 19 de julho. Entre uma data e outra, a CCJ rejeitou a denúncia contra Temer - a comissão recusou o parecer de Zveiter e, em seguida, aprovou o de Abi-Ackel. 
  
A partir deste dia 2, a denúncia será votada no plenário. Se ao menos 342 deputados, ou dois terços da Casa, se manifestarem pelo prosseguimento, o STF irá decidir se transforma o presidente em réu, o que levaria a seu afastamento por até 180 dias para julgamento.

Para cientistas políticos, a diferença entre os valores reflete a estratégia do governo para garantir vitória em um colegiado menor, em que o peso individual de cada parlamentar aumenta. "Não é o principal instrumento do governo na relação entre Executivo e Legislativo, mas é um caminho para mobilizar poucos nomes de grande peso", avalia Rafael Cortez, da Tendências Consultoria.

Desde 2015 as emendas individuais são impositivas, ou seja, o governo é obrigado a liberar os valores até o fim do ano. O total dividido entre deputados e senadores é fixado por lei em 1,2% da receita corrente líquida do ano anterior, ou seja, o volume de tributos arrecadados pelo governo federal menos as transferências obrigatórias a Estados e municípios. 


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