GOVERNO DE MINAS INVESTE PESADO EM AEROPORTOS DE MAIS 3 CIDADES: NANUQUE CONTINUA FORA DOS PROJETOS HÁ 14 ANOS
Governadores que passam,
aeroporto de Nanuque que fica
Texto: prof. Ademir Jr.
Desde a última segunda-feira (7/8) que duas novas cidades
passaram a receber voos para o Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte:
Paracatu e Salinas. O projeto também retorna ao município de Patos de Minas, já
atendido em fases anteriores. Outra novidade da fase é que Teófilo Otoni,
destino mais procurado no projeto, terá voos diretos para Belo Horizonte de
segunda a sexta-feira. Enquanto isso, Nanuque, que até já teve aeroporto com
linhas regulares nas décadas de 1960 e 70, não sai do chão. Há exatos 14 anos, a cidade aparece no foco dos investimentos
do Governo de Minas no setor, mas permanece em segundo plano, ou, melhor dizendo, em plano terrestre.
HISTÓRICO VEM DE
ARMANDO GOMES
Entre maio e junho de 2003, quando o prefeito de Nanuque era
o médico Armando Gomes, o Governo de Minas começou a sinalizar, de forma
vigorosa, com ampla propaganda, a possibilidade de investir pesado no Aeroporto
Jorge Schieber, reativando linhas aéreas regulares para Belo Horizonte. Era
lançado o Programa Aeroportuário de Minas Gerais (ProAero), pelo então governador
Aécio Neves, e Nanuque apareceu entre as primeiras cidades a serem contempladas
com recursos do programa.
Dez anos depois, no dia 15 de abril de 2013, o governo
do estado liberou R$ 2 milhões 100 mil na adequação e modernização do aeroporto
de Teófilo Otoni, dentro do ProAero. As intervenções incluíram a reforma e melhoramento
da pista de pouso e decolagem, do pátio de aeronaves, da sinalização diurno e
balizamento noturno. Na região do Jequitinhonha/Mucuri, o ProAero anunciava
gastos de cerca de R$ 23 milhões nos aeroportos de Capelinha e Diamantina, e estavam
previstas intervenções nos aeroportos de Almenara e Araçuaí.
Com o governador Antonio Anastasia (2011-2014), Nanuque continuou de
fora. O atual governador Fernando Pimentel, que esteve na cidade quinta-feira
passada (3), assumiu em janeiro de 2015 e até agora, com dois anos e meio de
mandato, também não criou expectativas.
A fase mais recente do programa, que teve seu nome
alterado para “Voe Minas Gerais”, já atendeu Almenara, Araçuaí, Araxá, Belo
Horizonte, Diamantina, Juiz de Fora, Manhuaçu, Paracatu, Passos, Patos de
Minas, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Salinas, São João del-Rei, Teófilo Otoni,
Ubá, Varginha e Viçosa.
O PROGRAMA DO GOVERNO PIMENTEL
O Voe Minas Gerais é uma iniciativa de fomento ao
transporte aéreo regional que tem como fundamento a flexibilidade das rotas,
que são desenvolvidas e adaptadas para atender às demandas locais.
O projeto tem como objetivo fomentar os negócios locais,
desenvolver o turismo, integrar as diversas regiões do estado e facilitar o
deslocamento de moradores do interior para Belo Horizonte. Dessa forma é
permitindo que eles tenham acesso rápido a eventos e serviços disponíveis na
capital.
Os voos são realizados em aeronaves Cessna Grand Caravan
208 B, que transportam até nove passageiros. O valor das passagens varia de R$
130 a R$ 700, de acordo com a distância percorrida.
ITAMAR FRANCO FALOU DO AEROPORTO DE NANUQUE HÁ MAIS DE 40
ANOS NO SENADO
Foi no dia 28 de junho de 1975, quase 38 anos atrás, que
o então senador Itamar Franco (que se tornaria Presidente da República em 1992
e Governador de Minas em 1999), fez um discurso da tribuna do Senado Federal
abordando a suspensão de voos para o Município.
Em plena sessão, Itamar fez um apelo ao ministro da
Aeronáutica na época, tenente-brigadeiro Joelmir Campos de Araripe Macedo, no
sentido de que fossem “determinadas providências urgentes para contornar a
situação de isolamento por que passa aquela cidade, ao ver suspensos os voos
regulares da Varig, de Belo Horizonte a Salvador, com escala em Nanuque, tendo
já a Transbrasil, há dois meses, abandonado o Aeroporto daquela cidade”.
NELSON MARTINS QUADROS ERA O PRESIDENTE DO SINDICATO RURAL DE NANUQUE
O senador tomara conhecimento do problema por meio de
telegrama a ele endereçado, assinado pelo então presidente do Sindicato Rural
de Nanuque, Nelson Martins Quadros. No telegrama estava escrito (mantido o
texto original da época): “Comunicamos V. Ex.ª que Varig suspendeu ontem seus vôos
regulares para Nanuque vg na rota Belo Horizonte-Salvador pt Há dois meses
Transbrasil abandonou nosso aeroporto. Sem rodovia pavimentava, agora também
sem aviação comercial doméstica, Nanuque acelera seu isolamento de Minas Gerais
pt Comunidade revoltada pt Respeitosamente Nelson Martins Quadros vg Presidente
Sindicato Rural de Nanuque”
O histórico pronunciamento de Itamar Franco está contido
no livro “Minas no Senado”, editado em 1980, que traz um balanço de sua atuação
naquela casa legislativa.
Em março de 2009, a Secretaria de Estado de Transportes e
Obras Públicas (Setop) do Governo de Minas chegou a divulgar nota oficial,
garantindo que, no máximo, até o final de 2010, deveriam estar concluídos os
trabalhos de modernização e regularização de linhas aéreas no Aeroporto Jorge
Schieber, de Nanuque. O compromisso não foi cumprido.
Na ocasião, Marcos Bicalho, chefe de Gabinete da Setop,
informou: “o Aeroporto deverá receber melhoramentos e balizamento noturno para
voo por instrumento, conforme previsto no programas Proaero”. Acrescentou,
ainda, que o projeto de engenharia estava sendo elaborado e ficaria pronto
ainda naquele primeiro semestre de 2009. “De acordo com o programa, a
realização dos trabalhos de melhoramentos está prevista para 2010”, assegurava
o documento da Setop.
A informação da Setop foi redigida com aproveitamento de
dados de relatório feito pela Comissão Especial dos Aeroportos da Assembleia
Legislativa, instalada em 2008 para estudar investimentos visando fortalecer a
aviação regional.
Foi constatado que o Aeroporto de Nanuque “necessitava de
poucos investimentos para ficar em plenas condições de receber linhas
regulares, como a remoção de um lixão nas proximidades, iluminação da pista e
equipamentos operacionais”.
O Aeroporto Jorge
Schieber foi referência no processo de desenvolvimento socioeconômico de
Nanuque e região nas décadas de 60 e 70, mantendo linhas regulares para
importantes cidades, incluindo Belo Horizonte, Ilhéus (BA) e Vitória (ES).
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