Do encontro mantido na quarta-feira passada (26), em seu
gabinete, com o vereador Antonio Carlos Aranha Ruas, o padre Wandel de Jesus
Ferreira e a empresária de academia de ginástica, Cenira Freitas, o prefeito
Roberto de Jesus já sinalizou a disposição de procurar uma outra área, para ser
doada ao Governo do Estado, com a finalidade de se construir a Delegacia Regional
de Segurança Pública. Com isso, a Praça dos Estudantes seria preservada.
“O diálogo é importante. Recebi o vereador Aranha, a empresária Cenira e o padre Wandel, que nos procuraram para uma reunião”, disse Roberto, explicando: “Ainda não foi feita a doação, depende da nossa assinatura. O que há é um projeto de lei aprovado pela Câmara, autorizando a doação da Praça dos Estudantes, mas não há exigência cabal de que tem que ser ali. Conversamos com a presidente da Câmara e com a delegada Mariana Ceolin, e já estamos olhando outras áreas possíveis”.
Ainda de acordo com o prefeito, o conteúdo do projeto, aprovado
dia 28 de junho, que prevê a entrega da Praça dos Estudantes para o Governo de
Minas construir a delegacia, “não é uma coisa fechada, de camisa de força, de capricho
e vaidade. Falei com o vereador Aranha e com os demais presentes que estamos buscando
uma área que seja adequada à construção da delegacia, e estamos chamando mais
pessoas para essa busca, para que ofereçam sugestões. Não temos interesse de
perder a Praça, nem a Delegacia Regional de Segurança Pública, que traz para
Nanuque mais dez cidades da região, o que movimenta nossa economia”.
Desde quando a Câmara aprovou o projeto de doação da
Praça, por 12 votos favoráveis, de um total de 13 vereadores, no dia 28 de junho, uma grande polêmica se
instalou na cidade. A maioria absoluta da população reagiu de forma contrária e
várias entidades, empresários, igrejas, grupos de voluntários, intelectuais,
professores e lideranças comunitárias fortaleceram o movimento pela
preservação da Praça.
Imagens: TV Três Fronteiras |
O projeto aprovado na Câmara foi considerado inconstitucional por não ter cumprido os prazos regimentais. Em tempo recorde, a Câmara de Nanuque fez em dois dias (48 horas) o que normalmente leva em média até dois meses para fazer: mexeu em um artigo da Lei Orgânica, uma espécie de “Constituição Municipal”, aprovada há 30 anos, para adequá-la ao que parecia mera conveniência de momento, já que a Lei Orgânica proibia doação de qualquer pedaço da Praça. Logo em seguida, na mesma reunião, foi aprovado o projeto de lei autorizando a doação.
O Projeto de Lei nº 24/2017 e o Projeto de Emenda à Lei
Orgânica nº 001/2017, assinados dia 26/6, foram enviados para a Câmara no mesmo
dia e, dois dias depois, já estavam votados e aprovados.
ÚNICA PRAÇA CENTRAL
DO LADO DIREITO DA CIDADE
Em local nobre do centro de Nanuque, a praça ocupa a
quadra entre as ruas Itambacuri (em frente ao Colégio Santo Antônio), Araçuaí
(ao lado da Escola Estadual Governador Bias Fortes), Lambari (ao lado da Igreja
São José Operário) e Viçosa. A última grande obra de urbanização foi feita em
1974 pelo então prefeito Geraldo Romano. Depois, vários prefeitos anunciaram
melhorias, mas muito pouco ou quase nada foi feito. É o único logradouro público
no formato de praça situado à margem direita do Rio Mucuri.
OS CRISTÃOS DE NANUQUE
“ABRAÇARAM”
A PRAÇA DOS ESTUDANTES
Manifesto foi repúdio à “lei da entrega” do espaço público, que é patrimônio do povo da cidade, para construção de delegacia
Imagens históricas marcaram a manhã do domingo, 9 de julho, em Nanuque. Centenas de cristãos posicionaram-se no entorno da Praça dos Estudantes, todos de mãos dadas, num bonito “abraço”, agasalhando a praça por inteiro, ocupando as ruas Itambacuri (em frente ao Colégio Santo Antônio), Araçuaí (Escola Estadual Bias Fortes), Lambari (Igreja São José Operário) e Viçosa.
Fotos: Prof. Ademir Rodrigues Oliveira Jr. /
imagens de drones: Leandro Rodrigues das Neves
Em defesa da vida, em repúdio à lei que entregou a Praça dos Estudantes, único espaço público central do lado direito da cidade, para uma anunciada construção de delegacia de polícia.
Embora houvesse, naquele momento e naquela praça, um evento da Igreja Católica – o 20º Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) –, pessoas de várias igrejas evangélicas participaram do gigantesco abraço, sem nenhum constrangimento, porque a praça não pertence a uma denominação religiosa, nem às escolas próximas, mas, sim, ao povo de Nanuque. E a maioria absoluta já decidiu pela salvação da praça.
O momento culminante do evento ficou por conta das sábias palavras de dom Aloísio Jorge Pena Vitral, bispo da Diocese de Teófilo Otoni, que, em plena praça, afirmou:
“É preciso ouvir o clamor, ver o que é invisível aos olhos.
Nem sempre a materialidade é tudo.
O estado de espírito que precisamos criar é o estado de espírito cordialidade, da percepção dos pomares, das árvores como criaturas de Deus.
E como é bom celebrar numa praça! Porque a praça é um lugar sagrado da cidade.
A cúpula é o céu, as montanhas são as paredes, e nós, como filhos de Deus, precisamos voltar às origens.
Viemos de um jardim, estamos caminhando para um jardim, não podemos matar o jardim”.
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ResponderExcluirSuperada a falta de diálogo e debate, acerca da doação de um bem público, por parte dos PODERES, EXECUTIVO, que elaborou o projeto de lei orgânica e, LEGISLATIVO, que o aprovou, sem prévia consulta aos seus representados, ato necessário para dispor de um patrimônio do município.
ResponderExcluirParabenizo à TODOS OS MEMBROS DOS DIVERSOS SEGMENTOS DA SOCIEDADE DE NANUQUE.
Principalmente, aos líderes religiosos, empresários, políticos,profissionais e cidadãos que se impuseram e conseguiram, mesmo após todo o DISSABOR da aprovação relâmpago, uma audiência com o nosso Alcaide, a quem, AGORA, também, parabenizo, por sua capacidade de admitir possível flexibilidade, ante ao interesse comum pela proteção do patrimônio público, bem como, por receber representantes do povo, mesmo que tardia a recepção.
Que, a nova sede da DRPC, seja instalada em NANUQUE, com a mesma velocidade com que se aprovou a doação de um bem público e que,pelo menos nesta gestão, a praça, não seja abandonada e tenha a função social, para o qual fora construída.
Um 2018 abençoado à todos.